Autora: Ana Patrícia Racki Wisniewski
Quantas mulheres você já viu trocando o pneu de um carro? Se você for homem, tente recordar, também, de quantas mulheres você ensinou ou viu alguém ensinar a trocar um pneu. A resposta: possivelmente, nenhuma. Mesmo com os grandes avanços dos movimentos de gênero, a lógica do sistema binário segue delimitando quem pode fazer o quê e, assim, como que em um círculo vicioso, estabilizando as noções que sustentam esse mesmo sistema. Todos, inevitavelmente, somos socializados dentro da ordem dicotômica como homens ou mulheres a partir do genital que ostentamos ao nascer. A sociedade, por regra, espera que pessoas com vagina adotem performances compatíveis aos papeis tradicionalmente qualificados como “de gênero feminino”. Assim como o oposto é esperado para os indivíduos que nascem com pênis. Como, então, desconstruir essa idealização já ultrapassada e permitir a universalização da compreensão de que sexo e gênero são coisas distintas? E mais, qual a importância desse novo paradigma para a efetivação dos direitos mais básicos das pessoas que não se enquadram nas definições ordinárias de “homem” e “mulher”?
Como citar este livro:
WISNIEWSKI, Ana Patrícia Racki. Transexualidade e direito: construções para além dos círculos hegemônicos de poder. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2019. 178 p.